11 novembro 2009

A saudade lilás da Clarissa

Lilás
Vim dizer que sinto saudade. Não quero mais. Sinto muito. Só vim dizer. Saudade. Gosto da palavra. Por que inventaram palavra tão bela para uma coisa tão só? Será por isso única? Está explicado. A singularidade está para o sentimento ser só. Sem plural. A minha saudade tem gosto de sal. Dá sede. E vontade de comer doce depois que se prova, sabe? A saudade que te falo não sacia com lembrança. Sim. Eu lembro. Mas sinto saudade do que não aconteceu. Acontece. Acontece que meu coração ficou frio. E não quero mais esse negócio. Esse gelado no peito. Sem sangue vermelho e pele rosada. Não. Não é por você que sinto. Sinto por mim. A saudade é do que eu senti. E do que eu não vivi. Aquela formosa. A rosa. Que não se cansa de ter esperança. Chega! Meu coração não pode mais. É só a lembrança de um vulto feliz. Por isso sinto saudade de mim. Eu sei. Eu preciso aprender a ser só. A só ser. Por isso não quero mais esse negócio de você. Vai. Segue teu destino e rega tuas plantas. Suave é viver. Só viver. Já vai? Não. Espera! Deixa-me dizer. Ainda não terminei. Deixa. Deixa algo. Algo teu. Quer levar tudo? Não leva. Não quis dizer. Não leva tão a sério. Chega mais perto. Ficou tudo tão frio. Olha, amanheceu. Eu sei. É tarde demais. Tudo bem. Então vai. Mas, vou te contar... Não quero mais esse negócio de você, longe de mim! Só vim dizer... Sinto muito. Eu sei. É o fim. É tarde. Olhe para o céu quando for fim da tarde. Lilás. Que contradição... Percebe?
Clarissa Cor
(que todo mundo pode ler aqui)

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