Durante os últimos 15 anos, eu repeti duas acertivas um sem número de vezes. Numa delas, que era quase um mantra, eu dizia que "se eu chegar aos 35 solteira, faço uma produção independente - consigo ver minha velhice sendo feliz sem um casamento, mas não sem um filho". Só que a proximidade da idade limite (e o universo conspirando e me mostrando como as coisas funcionam no mundo real) me fez reavaliar e notar o quão egoísta eu seria trazendo pro mundo uma criança sem pai, pra quem eu não poderia dar a devida atenção - afinal eu estaria sozinha pra providenciar sustendo, educação, etc, o que consumiria a maior parte do meu tempo e da minha disposição -, tudo em prol de uma suposta velhice feliz. Projeto, portanto, descartado.
Essa decisão me empurrou pra um outro raciocínio: se eu quiser envelhecer feliz, vou ter que pensar em outras maneiras pra que isso aconteça e que, eventualmente, excluam filhos. E acho que essa foi a primeira vez em que, de fato, eu pensei em "envelhecer", latu sensu.
A partir daí alguns gatilhos parecem ter sido disparados no meu cérebro pra me fazer enxergar que, ao invés de me preparar pra a velhice, eu tinha me tornado, ainda que tacitamente, uma suicida. Como em uma porção de outros aspectos da minha vida, eu não tinha pressa em me matar, mas fazia isso, um pouquinho, todos os dias. Fumante, sedentária, muitos quilos acima do peso ideal, trocando qualquer refeição por um sanduíche, ingerindo montes de confort food achando que resolveriam todo e qualquer problema. Só que estes, os problemas, só aumentaram, coisa que eu parecia também ter juntado ao pacote do "deixa explodir"... Resumindo: I were a mess!!!
Mãos à obra, e comecei a perder peso. Reeducação alimentar, remédio pra controle da ansiedade, e lá se vão 12 kg em cinco meses, o que leva ao próximo passo: hora de parar de fumar. Data marcada, preparação psicológica durante cerca de 20 dias, não anunciei a decisão pra não criar expectativa em ninguém nem pressão de nenhum lado. Já prevendo que a ansiedade seria grande e que a gula aumentaria proporcionalmente, comecei, também, a me exercitar pelo menos um pouquinho todos os dias pra gastar esse excesso e, quando chegou o dia D eu estava decidida, animada e feliz por ter tomado a decisão de abandonar esse mau hábito que acompanha há quase 20 anos.
Eu nunca imaginei que seria fácil, mas também não esperava que fosse ser tão doloroso. Hoje, uma semana depois de parar, me assusto com a habilidade do vício em tentar boicotar o meu raciocínio o tempo todo, com a atenção que eu preciso estar prestando a cada pensamento, a cada reflexão, já que se eu deixar a mente "solta", ao invés das mil fantasias que eu sempre inventei pra colorirem a minha vidinha às vezes mais pra preto e branca, eu pego meu próprio cérebro criando argumentos pra voltar, me estimulando a inventar pretextos pra desistir e sucumbir, promovendo a correnteza e tentando me fazer sentir fraca ao ponto de me deixar levar. E me fazendo chorar... chorar como se meu coração estivesse partido, como se alguém que me é importante tivesse ido embora pra nunca mais voltar. Uma sensação de ausência que nada parece preencher.
Nessas horas é que eu agradeço a Deus por ter preferido me fazer inteligente ao invés de linda. Como eu me informei sobre todas as sensações possíveis que fariam parte dessas chamadas crises de abstinência, tenho procurado manter a calma e me auto sugestionar, constantemente, lembrando que tudo isso é passageiro e que, logo, vai acabar.
Só espero que acabe mesmo e que, daqui a algum tempo, eu possa voltar ao assunto pra dizer que eu fui forte o suficiente pra esperar, controlar e superar. Essa vai ser a maior prova de que eu não quero mais me matar e que, ainda que os filhos não venham, a velhice vai valer a pena.
Essa decisão me empurrou pra um outro raciocínio: se eu quiser envelhecer feliz, vou ter que pensar em outras maneiras pra que isso aconteça e que, eventualmente, excluam filhos. E acho que essa foi a primeira vez em que, de fato, eu pensei em "envelhecer", latu sensu.
A partir daí alguns gatilhos parecem ter sido disparados no meu cérebro pra me fazer enxergar que, ao invés de me preparar pra a velhice, eu tinha me tornado, ainda que tacitamente, uma suicida. Como em uma porção de outros aspectos da minha vida, eu não tinha pressa em me matar, mas fazia isso, um pouquinho, todos os dias. Fumante, sedentária, muitos quilos acima do peso ideal, trocando qualquer refeição por um sanduíche, ingerindo montes de confort food achando que resolveriam todo e qualquer problema. Só que estes, os problemas, só aumentaram, coisa que eu parecia também ter juntado ao pacote do "deixa explodir"... Resumindo: I were a mess!!!
Mãos à obra, e comecei a perder peso. Reeducação alimentar, remédio pra controle da ansiedade, e lá se vão 12 kg em cinco meses, o que leva ao próximo passo: hora de parar de fumar. Data marcada, preparação psicológica durante cerca de 20 dias, não anunciei a decisão pra não criar expectativa em ninguém nem pressão de nenhum lado. Já prevendo que a ansiedade seria grande e que a gula aumentaria proporcionalmente, comecei, também, a me exercitar pelo menos um pouquinho todos os dias pra gastar esse excesso e, quando chegou o dia D eu estava decidida, animada e feliz por ter tomado a decisão de abandonar esse mau hábito que acompanha há quase 20 anos.
Eu nunca imaginei que seria fácil, mas também não esperava que fosse ser tão doloroso. Hoje, uma semana depois de parar, me assusto com a habilidade do vício em tentar boicotar o meu raciocínio o tempo todo, com a atenção que eu preciso estar prestando a cada pensamento, a cada reflexão, já que se eu deixar a mente "solta", ao invés das mil fantasias que eu sempre inventei pra colorirem a minha vidinha às vezes mais pra preto e branca, eu pego meu próprio cérebro criando argumentos pra voltar, me estimulando a inventar pretextos pra desistir e sucumbir, promovendo a correnteza e tentando me fazer sentir fraca ao ponto de me deixar levar. E me fazendo chorar... chorar como se meu coração estivesse partido, como se alguém que me é importante tivesse ido embora pra nunca mais voltar. Uma sensação de ausência que nada parece preencher.
Nessas horas é que eu agradeço a Deus por ter preferido me fazer inteligente ao invés de linda. Como eu me informei sobre todas as sensações possíveis que fariam parte dessas chamadas crises de abstinência, tenho procurado manter a calma e me auto sugestionar, constantemente, lembrando que tudo isso é passageiro e que, logo, vai acabar.
Só espero que acabe mesmo e que, daqui a algum tempo, eu possa voltar ao assunto pra dizer que eu fui forte o suficiente pra esperar, controlar e superar. Essa vai ser a maior prova de que eu não quero mais me matar e que, ainda que os filhos não venham, a velhice vai valer a pena.
Um comentário:
Sa, na semana passada eu estava conversando com umas amigas e surgiu este assunto sobre produção independente. Na mesa: 1 casada com 2 filhos, 1 casada com 1 filho do primeiro casamento, 2 separadas sem filhos. Na hora me lembrei do seu post pq me marcou muito quando lí.
Eu consigo me imaginar sem os meus filhos, mas uma grande parte da graça teria se perdido. Nunca pensei em ter os 2 para mim, para garantir a minha felicidade. Isso é ilusão. E se é ilusão, é portanto uma falsa sensação de egoísmo. vc sabe que não criamos os filhos para nós, criamos para os outros, para o mundo. Como isso pode ser egoísmo? Não tem nada mais altruísta do que ter um filho! Vc se dedica durante anos sem ter noção do que vai sair "dali".
Sou contra a produção independente quando o pai é usado para este fim sem um aviso prévio. Ele tem que saber e concordar, assim como o filho também tem o direito de saber quem é o pai mesmo se nunca fizer parte da vida dele. Mas quando ambos estão de acordo, qual é o problema? Tem tanto casal certinho que de repente pode deixar de ser...
Quando vc se achar em condições (financeiras, psicológicas e físicas) de ter um filho, volta a pensar no assunto. Hoje em dia ter 35, 36, 37, 38, 39, 40 anos não é tão grave para a medicina. O que importa realmente é se a sua vontade de ser mãe é mais forte do que todos os contratempos que possam aparecer. O resto voce tira de letra!
E aqui entre nós... voce seria uma mãezona, Sa!!!
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