14 dezembro 2006

Está Chegando o Verão!

E com ele também chegam os pedágios, os congestionamentos na estrada, os bichos geográficos no pé e a empregada cobrando hora-extra.

Verão também é sinônimo de pouca roupa e muito chifre, pouca cintura e muita gordura, pouco trabalho e muita micose.
Verão é picolé de ki-suco no palito reciclado, é milho cozido na água da torneira, é coco verde aberto pra comer a gosminha branca.
Verão é prisão de ventre de uma semana e pé inchado que não entra no tênis.
Mas o principal, o ponto alto do verão é... a praia!!!
Ah, como é bela a praia!
Os cachorros fazem cocô e as crianças pegam pra fazer coleção. Os casais jogam frescobol e acertam a bolinha na cabeça das véias. Os jovens de jet ski atropelam os surfistas, que por sua vez, miram a prancha pra abrir a cabeça dos banhistas.
O verão é Brasil, todo mundo nu de pele vermelha. As mulheres de tanga, os homens de calção tão justo que dá até pra ver o veneno da flecha, e todo mundo se comendo cru.
É selva, é carnaval, é tribo de índio canibal.
O melhor programa pra quem vai à praia é chegar bem cedo, antes do sorveteiro, quando o sol ainda está fraco e as famílias estão chegando. Muito bonito ver aquelas pessoas carregando vinte cadeiras, três geladeiras de isopor, cinco guarda-sóis, raquete, frango, farofa, toalha, bola, balde, chapéu e prancha, acreditando que estão de férias.
Em menos de cinqüenta minutos, todos já estão instalados, besuntados e prontos pra enterrar a avó na areia.
E as crianças? Ah, que gracinha! Os bebês chorando de desidratação, as crianças pequenas se socando por uma conchinha do mar, os adolescentes ouvindo walkman enquanto dormem.
As mulheres também têm muita diversão na praia, como buscar o filho afogado e caminhar vinte quilômetros pra encontrar o outro pé do chinelo. Já os homens ficam com as tarefas mais chatas, como perfurar um poço pra fincar o cabo do guarda-sol. É mais fácil achar petróleo do que conseguir fazer o guarda-sol ficar em pé.
Mas tudo isso não conta, diante da alegria, da felicidade, da maravilha que é entrar no mar!
Aquela água tão cristalina, que dá pra ver os cardumes de latinha de cerveja no fundo. Aquela sensação de boiar na salmoura como um pepino em conserva.
Depois de um belo banho de mar, com o rego cheio de sal e a periquita cheia de areia, vem aquela vontade de fritar na chapa. A gente abre esteira velha, com cheiro de velório de bode, bota o chapéu, os óculos escuros puxa um ronco bacaninha.
Isso é paz, isso é amor, isso é o absurdo do calor. Mas, claro, tudo tem seu lado bom. E à noite o sol vai embora.
Todo mundo volta pra casa tostado e vermelho como mortadela, toma banho e deixa o sabonete cheio de areia pro próximo. O shampoo acaba e a gente acaba lavando a cabeça com qualquer coisa, desde o creme de barbear até desinfetante de privada. As toalhas, com aquele cheirinho de mofo que só a casa de praia oferece.
Aí, uma bela macarronada pra entupir o bucho e uma dormidinha na rede pra adquirir um bom torcicolo e ralar as costas queimadas. O dia termina com uma boa rodada de tranca e uma briga em família. Todo mundo vai dormir bêbado e emburrado, babando na fronha e torcendo, pra que na manhã seguinte, faça aquele sol e todo mundo possa se encontrar no mesmo inferno tropical...
Qualquer semelhança com a vida real, é uma mera coincidência...
Luis Fernando Veríssimo
(esse cara é meu herói)

6 comentários:

Miguel Alberto disse...

profundo... e levemente irreal!!! Não suporto praia!!!

hahahaha
beijos

SS disse...

Irreal porque você não passou a infância e a adolescência em SP... é EXATAMENTE assim!!!
Ahahahahahahaha

E eu também odeio praia. Só vou pra Ilhabela no Ano Novo porque me disseram que é chique e eu preciso arrumar um marido rico urgente, já que a validade aqui tá praticamente vencida.

Beijo e vê se atualiza seu blog, hein?

Márcia disse...

Ahaha! Perfeito este post.
Daqui pra frente LFV é meu herói tb! (Já era, mas sempre é tempo de prestar uma homenagem! :P)
Detesto praia suja e cheia e tenho pouquíssima resistência ao sol.
Só abro excessão para prais bonitas e limpas, coisa que coincidentemente aconteceu nos dois últimos finais de semana, primeiro na Praia de Guarajuba e depois na Praia do Forte.
Sammy, Ilha Bela deve ser uma dessas excessões que valem muito à pena. Aproveita amiga! E volte só "rosinha", nada de pimentão, viu? Eu voltei de Guarajuba com ombros e rosto MUITO vermelhos e depois descasquei muito. Parecia uma cobra trocando de pele, simplesmente nojento! Ahahaha!

Miguel Alberto disse...

Claro, Márcia...
Você é uma jararaca!!! hahahaha desculpe, não resisti...

GG disse...

Semelhança com a vida real do litoral de São Paulo, né? Eu suspeitei disso quando estava lendo a paraibada, mas tive certeza na hora que ele falou dos jetskis... :P

Anônimo disse...

Por isso é que eu prefiro conservar essa minha pele alva...
lavada com OMO. rs ;)