Anti - Dia do Amante

Isso mesmo!!! Pra mim também foi uma grande surpresa descobrir que existe um dia dedicado ao amante. Mas também foi muito inspirador.

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O meu primeiro insight foi quanto à diferença existente entre "o amante" e "os amantes". Se o dia fosse "dos amantes", certamente nos encontraríamos diante de mais um incentivo à celebração do amor, da paixão, entre um casal ou, ainda, comemorando a dedicação das pessoas a causas específicas, do tipo "amantes da natureza". Entretanto, ao se designar o dia como sendo "do amante", somos rapida e instintivamente remetidos àquele terceiro - ou terceira - que é inserido na relação, normalmente sem conhecimento de um dos consortes.

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Eu não quero falar dos "acidentes de percurso", ao quais todos nós estamos sujeitos. Ter um amante, aqui, está significando a existência efetiva de uma relação paralela àquela pré-existente...

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Ser amante não pode ser motivo de orgulho! A vida do amante me parece tão infeliz... O amante, por amar ao traidor e não amar por si mesmo, se sujeita à encontros às escondidas, às ausências nos aniversários, Natais, feriados, Anos Novos... e se contenta em ter o amado por breves momentos, sempre à sombra de um telefonema insperado, da chegada de alguém, da descoberta do traído... A relação entre o amante e o traidor jamais se completa, mesmo que o traído seja abandonado pelo traidor. Isso porque eu acredito que a relação desse pretenso novo casal já começou baseada na infidelidade, e o amante - agora companheiro - vai ter sempre a certeza de que seu amado é capaz de trair novamente.

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Não julgo as pessoas que optam por manter relações extra-conjugais (aqui, não estou me referindo só aos casados - namorados e noivos também estão incluidos), mas acho que a traição maior não é ao companheiro, mas sim, a si mesmo. A pessoa que mantém relações paralelas trai a si mesma, se auto-sabota, já que está traindo o sentimento que tem pelo seu companheiro.

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Me lembro de, há alguns anos atrás, ter saído com um cara - e só com ele - durante mais de um ano. Nunca fomos namorados, mas eu gostava da sua companhia e me preocupava com ele. Comecei, então, a ser questionada pelos meus amigos quanto ao meu desinteresse em sair com outras pessoas, já que não havia nenhum compromisso entre nós. A isso eu respondia tentando explicar que, saindo com outro cara eu não estaria traindo àquele, mas estaria traindo o que eu sentia por ele; e isso, pra mim, é mais importante que qualquer compromisso! Os meus sentimentos são mais importantes do que qualquer rótulo, e eu procuro preservá-los ao máximo.

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Um dos maiores clichês que existem sobre esse assunto é de que quem trai o faz por estar infeliz com seu companheiro, por não estar satisfeito com a relação pré-existente. Só que, atualmente, ninguém mais é obrigado a ficar com ninguém! Divórcio não é mais motivo de preconceito e estar solteiro não significa ser incapaz. Ao contrário, separar-se de seu companheiro antes de desrespeitá-lo, mais que uma opção, é uma prova de carinho e consideração pela caminhada que fizeram juntos até então.

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É isso: traição é, acima de tudo, desrespeito. E eu não consigo entender que alguém ame uma pessoa sem respeitá-la e, principalmente, sem respeitar a si mesmo.

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Mais uma vez eu posso até estar sendo romântica demais, mas que é muito melhor deitar a cabeça no travesseiro à noite e sonhar com beijos ao invés de sonhar com o flagrante, lá isso é!!!